A pesquisa faz parte do projeto Marxismo e América Latina: lutas políticas e novos processos constituintes e tem como objetivo identificar as potencialidades da mobilização e organização da classe trabalhadora na ocupação de fábricas como forma de resistência e luta anticapital contemporânea a partir da observação dos desdobramentos da dialética capital-trabalho no Brasil, Argentina e Bolívia. A observação parte da análise do contexto político-econômico-social, nos países estudados, buscando compreender em que medida a ocupação de fábricas é instrumento de luta no enfrentamento ao sistema de produção capitalista. A investigação utiliza, para a abordagem, o método materialista histórico-dialético tendo como referência as categorias marxianas: totalidade, historicidade e dialética. Como procedimentos metodológicos fez-se uso da pesquisa bibliográfica - de caráter exploratório - em fontes secundárias - para a compreensão dos conceitos de socio metabolismo do capital e recuperação de empresas – e da análise de fontes primárias - material documental - encontrados nos principais sites jornalísticos – Bolívia -, dos relatórios do Programa Facultad Abierta – Argentina -, e das Cartas Magnas dos países estudados. A interpretação dos dados foi centrada na análise do metabolismo social do capital e das consequências de sua lógica destrutiva. Como forma de ilustrar a análise partimos da observação de algumas experiências de empresas recuperadas na América Latina, verificando os ditames jurídicos sobre o fenômeno e as suas singularidades de acordo com a realidade política de cada país. Chegou-se à conclusão de que as novas formas do capital se realocar diante da crise econômica, intensificadas a partir de 1990, trouxeram como consequências um intenso processo de desestruturação do trabalho e que as medidas de ajuste econômico, na América Latina, provocaram crises no interior de diversas empresas que foram fechadas ou absorvidas por empresas multinacionais. O constante cenário de incertezas, as depressões econômicas, desestabilizam a sociedade e levou os trabalhadores a ocuparem as fabricas na tentativa de recuperar a sua produção. Não é possível afirmar que a realidade que perpassa o fenômeno das empresas recuperadas venha a ser um enfrentamento ao capital, pois existe uma parcela significativa da classe trabalhadora que sequer têm o saber do enredamento de seu socio metabolismo e de como se chegaria a um fim. Essa afirmação, porém, não exclui o fato de que essa luta se configura como resistência, perante as forças capitais globais sob a batuta financeira. Também foi possível identificar fábricas nas quais o discurso contra o capital é mais nítido, como na Flaskô, empresa brasileira. Entretanto, é inegável, que em inúmeras outras fábricas aconteceram somente a retomada das atividades produtivas para a sobrevivência do operariado. A contribuição da pesquisa foi demonstrar que as lutas dos trabalhadores devem ser sobre a construção de outras formas de produção e não sobre a sobrevivência e subserviência das classes oprimidas aos desejos do capital.
Comissão Organizadora
Thaiseany de Freitas Rêgo
RUI SALES JUNIOR
Comissão Científica
RICARDO HENRIQUE DE LIMA LEITE
LUCIANA ANGELICA DA SILVA NUNES
FRANCISCO MARLON CARNEIRO FEIJO
Osvaldo Nogueira de Sousa Neto
Patrício de Alencar Silva
Reginaldo Gomes Nobre
Tania Luna Laura
Tamms Maria da Conceição Morais Campos
Trícia Caroline da Silva Santana Ramalho
Kátia Peres Gramacho
Daniela Faria Florencio
Rafael Oliveira Batista
walter martins rodrigues
Aline Lidiane Batista de Amorim
Lidianne Leal Rocha
Thaiseany de Freitas Rêgo
Ana Maria Bezerra Lucas